Nesta proposta de redação vamos discutir um pouco a
respeito das doenças modernas. Engana-se quem pensa que as doenças são
causadas apenas por vírus e bactérias. Há outras que se instalam de forma sutil
e, quando percebemos, pode ser tarde demais. Para refletirmos sobre isso,
coloco abaixo a proposta de redação e depois sugiro algumas ideias que
serão usadas na sua redação.
O contato com a natureza é um santo remédio!!
Instruções para a proposta:
Procure atender às seguintes sugestões:
- assuma com convicção um posicionamento;
- assumido o posicionamento, selecione os argumentos favoráveis a ele;
- não descarte os argumentos desfavoráveis, pois eles podem servir para urna possível contra-argumentação;
- elabore uma relação de argumentos e hierarquize-os se possível; isto é, disponha-os na ordem do mais forte para o mais fraco;
- procure manter as relações lógicas estabelecidas pelos próprios argumentos;
- evite a repetição de um mesmo tipo de argumento, assim como as generalizações sem provas concretas ou particularizações indevidas.
- dê um título a seu texto;
- escreva, no máximo, 30 linhas;
- use caneta azul escuro ou preta e faça letra legível para o corretor.
Tema da redação:
"Ação à distância, velocidade, comunicação,
linha de montagem, triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e das
realidades que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira doença
do século…” (extraído de "Rápida Utopia", Umberto Eco, em Veja —
25 ANOS: Reflexões para o futuro)
Dê continuidade a esse texto, desenvolvendo o tema
destacado. Selecione, da enumeração abaixo e de seu universo de informações, os
argumentos necessários para a defesa de sua tese.
1. Qual seria a verdadeira doença do século? Existe
realmente a doença a que se refere o autor ou se trata de uma figura de
linguagem?
2. Há apenas uma doença ou um conjunto de doenças?
Quais os sintomas? Quais as causas?
3. O século XX traz consigo a soma das
conquistas humanas e das contradições seculares não resolvidas.
4. Século das massas - inúmeros direitos
conquistados; outros por conquistar. Isso seria uma doença?
5. Século da vertiginosa corrida tecnológica e
científica: deixamos para trás o barco a remo, a energia eólica e viajamos no
foguete interplanetário ou pela Internet. Daí a hiperespecialização (outra
doença?). A ciência e a tecnologia, definitivamente, tornarão o homem um
escravo (3ª doença?) ou garantirão a sua sobrevivência no planeta? (A
tecnologia que destrói a camada de ozônio será capaz de reparar os danos
causados à natureza? Os homens da ciência nos salvarão do câncer e
da Aids, ainda que continuem poluindo os rios, contaminando-nos com produtos
tóxicos?).
6. Século da comunicação rápida: já trocamos o
carro de boi por cartas e celulares. Um tornado nos Estados Unidos, uma bomba
no Oriente Médio, um recorde quebrado na maratona de Sidney, um vírus ebola na
África, tudo isso pode ser dividido conosco, em frações de segundo, sem que
precisemos sair de casa. A velocidade desse século fez com que a comunicação
transformasse a informação em espetáculo (4ª doença?). Assistiremos,
confortavelmente no sofá de nossa sala, à descida do homem em Marte e às
guerras da fome? Veremos e ouviremos a (in)feliz notícia de que o homem foi
finalmente clonado ou apertou o tão temido botão que a tudo e a todos elimina à
distância?
7. Século da montagem em série: o precioso
tempo que se gasta para fazer uma carroça já é coisa do passado. Hoje carros
"pingam" por minuto; bicicletas, remédios, roupas, também. Bens
materiais e espirituais se equivalem na linha de montagem. A palavra também é
coisa (5ª doença?).
8. Século dos limites: estresse, depressão,
fragilidade, neurose, enfarte; apogeu da inteligência e da burrice humanas
expressas em paradoxos abundantes; exacerbação do poder, do estrelismo
realçados pela egolatria e pela busca insana de um brilho fugaz; sucateamento
das emoções e aniquilamento das paixões; poderio do medo e da desordem, da
conspiração; consagração do golpe, do roubo, do assassinato mesquinho e
"politicamente correto" (6ª doença?).